Texto: Bruno Bocchini
Fotos: Bruno Bocchini e Nissan do Brasil
Equilíbrio é a melhor palavra para definir o novo Nissan Versa fabricado na planta de Resende, Rio de Janeiro. O segmento de sedãs compactos geralmente é alvo dos consumidores que reclamam das opções defasadas do mercado. Diante de rivais como Hyundai HB20s, Honda City, Chevrolet Cobalt e Ford Ka+, o Versa – agora com transmissão CVT – é o único modelo da disputa que utiliza esse tipo de transmissão (famosa por oferecer mais conforto). Diante das novidades apresentadas pela montadora japonesa, além do novo câmbio, o destaque também fica por conta da tecnologia embarcada no modelo. O Versa, que até o momento era um veículo básico, continua oferecendo racionalidade, mas agora está mais encorpado.
Car Stereo avaliou a versão Unique 1.6 do sedã, que começou a ser vendida no final de junho por R$ 66.290. A central multimídia do modelo é equipada com sistema Android – mas aceita iPhones via Bluetooth – e opera de forma independente, dispensando a função de espelhamento de smartphones para levar os itens do aparelho para o carro. De fábrica, o sistema vem com 13 aplicativos instalados: Waze, Google Chrome, Google Search, Google Maps, Youtube, Spotify, Deezer, Weather Channel, Trip Advisor, Tunein Radio, Foursquare, Skype e Onde Parar (os únicos aplicativos visuais que funcionam com o carro em movimento são Waze e GPS). Além dos aplicativos, o Multi-App vem com GPS, Bluetooth, câmera de ré, memória independente de 1GB e Wi-Fi (que além de permitir que o usuário acesse a internet pela tela sensível ao toque, serve como roteador).
O conjunto de som do novo Versa também é equilibrado, por outro lado, basta aumentar o volume para sentir imperfeições mais graves: em algumas faixas há mais distorção, mas isso não impede o condutor e passageiros de escutarem músicas com boa qualidade sonora – a saída é não expandir muito o volume. Nesse caso, há baixa potência para todo o equipamento e, sendo assim, ao exigir mais do sistema é perceptível o incômodo. Por outro lado, para o público que Versa está disposto a agradar, essa falta de potência certamente não irá incomodar os consumidores – que terão nas mãos uma central atrativa.
Com bom espaço interno, o sedã compacto acomoda bem passageiros com 1,80 m nos bancos de trás (com folga). Apesar do túnel central não ser como nos modelos da Toyota (raso), no Versa há espaço de sobra. Os acabamentos do painel e portas também são bem projetados (e o acessório para abrir as portas tem um design atraente). Os instrumentos também apresentam boa iluminação noturna e os botões que regulam ar-condicionado, ventilador e desembaçadores possuem toque confortável. Outro ponto positivo está diante da alavanca de câmbio, que também conta com bom acabamento (ao contrário dos modelos Peugeot, não há reflexos inconvenientes diante de muita claridade).
A ergonomia também merece atenção. Os bancos acomodam bem a coluna ao mesmo tempo em que são macios. Ao lado do condutor, na divisão central, há porta-copos e entradas auxiliar e USB (também como bom posicionamento). Se o consumidor quiser, há ainda um espaço para colocar o smartphone (só não tente um modelo Iphone 6, que acaba sendo grande demais para o espaço oferecido).
Nas entrelinhas
A transmissão Xtronic CVT foi desenvolvida especialmente para o novo Versa e o hatch March, logo não se trata de um empréstimo da caixa dos sedãs maiores Sentra e Altima. O câmbio novo, exclusivo para o motor 1.6 de 111 cv, passou por uma série de aprimoramentos para se tornar mais eficiente. Entre eles estão a ampliação da relação das marchas e as reduções de atrito interno, peso e tamanho, além da otimização da bomba de óleo, cuja dimensão ficou 30% menor. Na prática, o Versa CVT oferece sobretudo otimização no consumo de combustível (em nossas medições, o sedã marcou média de 11.4 km/l com gasolina).
A primeira vantagem da nova transmissão em relação a outras similares disponíveis no mercado é a agilidade nas respostas às pressões do acelerador. Tão logo o pé direito pressiona o pedal, o Versa arranca com ímpeto, atribuindo mais prazer ao dirigir (costumeiramente, câmbios CVT convencionais podem produzir mais ruído do que movimento em saídas de semáforo). Obviamente que o motor 1.6 de 111 cv e 15,1 kgfm de torque contribui para impulsionar o sedã, já que se desempenho é conhecidamente elogiável. Em contrapartida, o ruído interno do motor ainda incomoda – sobretudo em ultrapassagens. A cabine é invadida pelo som e a opção, nesse caso, é aumentar o som daquela boa música disposta na central. Fora maior exigência do motor, o Versa é silencioso, preciso e proporciona uma suspensão melhor calibrada do que a utilizada no rival Cobalt: na dianteira é independente do tipo McPherson com barra estabilizadora e na traseira usa eixo de torção com molas helicoidais.
A manopla do Xtronic CVT ainda traz uma função ‘Overdrive’ por um botão acoplado a ela, que, ao apertá-lo, muda o comportamento da transmissão para focar em esportividade, mantendo o motor mais “cheio”, ou seja, com giros altos para respostas mais ágeis. Direção eletricamente assistida é também um acerto da Nissan, uma vez que manobrar o Versa o faz parecer com um hatch.
Com o mercado de SUV’s em avanço, os consumidores buscam além de conforto, desempenho e baixo consumo, muita tecnologia. O novo Versa conta com boas opções para o segmento de sedãs compactos, mas ainda esbarra no mesmo problema do Etios na configuração sedã: não é todo mundo que acha seu desenho bonito. Ainda assim, pela faixa de preço que atua, Versa CVT agrada – mas já poderia ter recebido uma chave do tipo canivete (atribuiria melhor status que agora ele merece).
New Versa 1.6 Unique CVT
Preço: R$ 66.290;
Vale: mecânica, consumo, acabamento interno, central multimídia, ergonomia, espaço interno, porta-malas com 460 litros, rodas de liga-leve aro 16 e câmera de ré;
Não vale: chave simples, ruído do motor que invade a cabine e tanque de combustível com apenas 41 litros.