Somando conforto de sedã com vocação de utilitário, Frontier tem tecnologia para encarar caminhos muito mais “sujos” diante da concorrência
Texto e fotos: Bruno Bocchini
Não há dúvida: o segmento de utilitários no Brasil avançou nos últimos anos. Basta realizar um levantamento simples para observar as vendas crescentes de modelos compactos, como Jeep Renegade e Honda HR-V, ou então perceber as movimentações das montadoras para 2016: chegada da nova geração da Toyota Hilux, que desembarcou há um mês no Brasil, Ford Ranger reestilizada (que chegará no primeiro semestre), e até mesmo a picape intermediária Fiat Toro (com previsão de vendas após o carnaval).
A grande aposta da Nissan no Salão de Buenos Aires 2015 foi a 12ª geração da picape Frontier. Ela será fabricada na Argentina a partir de 2018, “matando” a produção da atual Frontier feita em São José dos Pinhais (PR). Enquanto isso não acontece, há boas chances de o Brasil importar o modelo do México em 2016 – equipado com motor turbodiesel de 188 cv e transmissão automática de sete velocidades, convivendo com a 11ª geração como versão topo de linha.
Normalmente a transição entre picapes é mais lenta do que carros de passeio como hatchs ou sedãs, mas mesmo diante do espaço prolongado há uma regra adotada nos últimos anos: reunir diversos confortos e tecnologias que deixam sua vocação de transporte de carga em segundo plano – principalmente se o modelo for o mais encorpado (e também mais caro).
Car Stereo avaliou a última reestilização da Frontier no Brasil, enquanto aguarda a chegada do modelo apresentado na Argentina. Os detalhes vistos em carrocerias sedã não deixam dúvidas de que a picape deixou para trás o “status de grosseirona”. O ar-condicionado é de duas zonas e digital, a entrada no veículo e a partida do motor se dão por meio de um botão e os bancos são revestidos em couro. Além disso, a Frontier SL ganhou uma nova central multimídia com tela colorida de 6.2 polegadas. Vem com DVD e CD player, GPS, Bluetooth – com função de streaming de áudio, inclusive –, entrada USB e câmara de ré.
Sob o capô está um propulsor 2.5 litros turbodiesel capaz de entregar até 190 cv de potência a 3.600 rpm e torque de 45,8 kgfm, atingido já a 2 mil rotações. O câmbio é sempre automático de cinco velocidades, assim como a tração integral com reduzida. Controles dinâmicos de tração e estabilidade também entram no pacote de fábrica.
O “jeitão” bruto e as dimensões avantajadas não negam a vocação de carro de carga e aventureiro, mas os comodismos e alguns detalhes de acabamento criam um habitáculo capaz de impressionar quem busca uma função mais familiar ao utilitário. A robustez da Nissan Frontier e seus atributos de picape média com tração integral são sem dúvida grandes trunfos da versão SL. Mas a configuração de topo do modelo é também a que mais carrega atributos dignos de veículos de passeio.
Na versão SL o interior recebe seus ocupantes com conforto e espaço de sobra – tanto para trajetos curtos quanto para viagens longas. No volante há comandos para controlar o sistema de som e a tela multimídia intuitiva permite realizar ações de forma simples – uma vez que os ícones contam com leituras diretas. A central é da marca Clarion, parceira da montadora no fornecimento da tecnologia. O acabamento também merece atenção: tanto os encaixes do painel quanto a forração das portas conferem ao modelo sensação de harmonia – não é um “alinhavo” premium, mas essa também não é a proposta para a picape.
O motor de 190 cv e 45,8 kgfm de torque é bem disposto. A transmissão automática de cinco marchas não tem trocas suaves, mas seu comportamento é condizente com o trem de força. Utilizar a reduzida é como escalar uma montanha: você sabe que se alguma ação der errado, a segurança do equipamento estará ali para atender. A suspensão não contribui para evitar os sacolejos dos ocupantes, mas em trajeto com poucos desníveis no solo, é quase imperceptível. Apesar de estar apta a passar por lamaçais, pirambeiras e barrancos sem dificuldades, na rua a picape da Nissan roda melhor do que carros populares e pior do que sedãs de luxo. Isso quer dizer na prática que você não pode esquecer: cobre da Frontier atitude de picape e não de sedã.
Os preços da Nissan podem parecer “salgados”, mas basta encarar a competitividade para entender: pela Frontier SL 4×4, a Nissan cobra iniciais R$ 144.690. A concorrente líder no setor, Chevrolet S10, parte de R$ 154.550 em sua versão topo, a turbodiesel LTZ, com motor 2.8 de 200 cv. Já a Ford Ranger XLT 3.2 Diesel 4X4 – AT, com propulsor 3.2 turbo de 200 cv, começa em R$ 143.500, enquanto a Toyota Hilux só passa a ter os mesmos comodismos e acabamento semelhante a partir da faixa de R$ 160 mil com motorização diesel. Em 2016, com tantas novidades, restará saber se a picape da Nissan conseguirá acompanhar o cenário: tecnologia crescente, design arrojado, mecânicas mais econômicas e, claro, valores que condizem com a realidade de quem não quer deixar de lado um utilitário.
Tecnologia para outras versões
A Nissan começou a vender no mercado brasileiro um novo opcional para a picape Frontier: a central multimídia que traz funções como rádio, TV Digital, navegador GPS, câmera de ré com visão noturna, sistema Bluetooth com áudio streaming e entradas para iPod/iPhone, DVD, USB e SD Card – vendida até então na versão SL. Batizado de Caska CA087-BR, o equipamento custa R$ 3.175.
Nissan Frontier SL 4×4 Diesel
Preço: a partir de R$ 144.690
Vale a pena
Mecânica, espaço interno, conforto, central multimídia;
Não vale a pena
Direção (em algumas manobras ela é mais solta – quando precisaria ser mais estável) e ruído interno.